André Carneiro entre astros e estrelas
Poucas pessoas podem dar-se ao luxo de dizer que assistiram ao filme “Metrópolis” ao lado de seu diretor Fritz Lang, assim como o filme “2001- Uma odisseia no Espaço” ao lado do seu criador, Arthur Clarke. André Carneiro pode. Isso aconteceu em março de 1969, por ocasião do 10 Simpósio Internacional de Ficção Científica ocorrido no Brasil, na qual André Carneiro era Presidente. Lá estiveram presentes os maiores nomes da ficção científica como A. E. van Vogt e Arthur C. Clarke, cujo livro, recém lançado, originou o filme “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick. Esse evento foi integrante do II Festival Internacional do Filme, o maior, mais rico e badalado Festival de Cinema que já aconteceu entre nós, no Copacabana Palace – Rio de Janeiro. “Como foi possível o Simpósio (custou milhões de dólares) e eu como seu Presidente? Um homem inteligente, de prestígio e personalidade, chamado José Sanz, explica tudo. Pode-se afirmar que ele era quase um mito e eu não o conhecia pessoalmente. Apaixonado pela literatura de FC, não era escritor, mas traduziu alguns livros e dirigiu coleção para uma editora. Dizia-se amigo da Marlene Dietrich, de Orson Welles e outras figuras internacionais desse nível. A irreverência carioca fazia gozações, mas a realidade era essa mesma. Sanz convenceu o Governo da importância do Simpósio e foi seu organizador. Porque convidou para presidente André Carneiro, poeta e escritor de FC, que tinha uma loja de material de construção na pequena cidade de Atibaia, perto de São Paulo? Essa pergunta lhe foi insinuada em uma entrevista que deu para a importante revista “Visão”. Não esquecer que Antônio Olinto, do Itamaraty, Rachel de Queiroz, Fausto Cunha, Dinah Silveira de Queiroz, Orígenes Lessa etc., moravam no Rio e escreviam FC. José Sanz respondeu que André Carneiro era o mais importante escritor de ficção científica brasileira”.
Pontualidade
Nesse mesmo simpósio outro fato curioso aconteceu com André Carneiro. Indicado a ciceronear o escritor Arthur Clarke, André chega minutos antes ao espaço reservado pelo Hotel. Nota estar vazio. Ninguém aguardava a presença de figura tão importante do cenário mundial: repórter, curiosos, admiradores… nada. André percebe a chegada do escritor e imediatamente muda seu trajeto, convidando o visitante a tomar um café num restaurante próximo, disfarçando sua intenção de “fazer hora” enquanto mais alguém aparecesse. Tempos depois volta ao espaço e surpreende-se: estava lotado. O escritor jamais soube do fato, mas André, conta com ironia, foi acusado de raptar o convidado e atrasar o evento.